sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Dois Jabutis vizinhos em Pinheiros - Ignácio de Loyola Brandão

Para Fofão, vida e sofrimento nunca entendidos
Dois Jabutis, o prêmio da Câmara Brasileira do Livro, moram há um mês em Pinheiros, a cem metros um do outro. Um na Rua Artur de Azevedo, e o outro na João Moura. Um pertence a Paola Carosella pelo livro de gastronomia, Todas as Sextas, que deve estar ali no Arturito, o restaurante. O outro está aqui em casa, em cima da caixa vermelha envernizada que foi do meu avô, e que me rendeu outro Jabuti, há dois anos com o livro Os Olhos Cegos dos Cavalos Loucos. O Jabutizinho de agora veio com meu livro de crônicas Se For Para Chorar Que Seja de Alegria, com que comemorei meus 80 anos. Fomos segundo lugar em nossas categorias, gastronomia e crônicas. 
Segundo, em literatura, não quer dizer vice, não tem o estigma ruim do vice político, longe disso. Os nossos dois prêmios foram conseguidos com sonhos, experiência e duro trabalho. Este ano, houve um detalhe significativo – fundamental – na premiação dos Melhores do Ano. Magda Soares com Alfabetização: A Questão dos Métodos, e Silviano Santiago com o romance Machado têm, respectivamente, 85 e 81 anos. E continuam a trabalhar duro, idealistas sonhadores. 
Falemos de outras coisas agradáveis. Como pode ser agradável o domingo em São Paulo. Saímos para almoçar e nos lembramos do restaurante Basilicata, nascido quando a tradicional padaria do Bixiga fez cem anos. Marcia, Rita e eu ali mergulhamos em um espaguete à carbonara, regado por um Nero Amaro que nos fez bem felizes. Neste estado de espírito e como era uma tarde de sol, decidimos ver a Ocupação Nise da Silveira no Itaú Cultural. Subimos a pé da 13 de Maio à Paulista, por que não? Fantástica Nise, que mudou a forma de tratar os doentes mentais, introduzindo a arte como terapia e lutando bravamente contra o machismo de médicos que ainda faziam lobotomia. Essa mesma Nise que foi presa como comunista (fantasma que assombra os idiotas até hoje). Nos emocionamos às lágrimas ao ver a arte e os textos produzidos pelos “loucos” ou insanos. 

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