Bikini
é o nome de um remoto atol no Pacífico onde os americanos faziam seus
Testes
com bombas nucleares. Especulava-se sobre os efeitos dos testes na
atmosfera
e da sua irradiação na humanidade. E notícias de Bikini eram
lembretes
constantes da possibilidade de uma guerra nuclear que nos
liquidaria
a todos. Mas as notícias constantes também popularizaram o nome,
que
foi adotado para o maiô de duas peças reduzidas que começava a
aparecer
nas praias. Não sei de quem foi a ideia de chamar o novo maiô de
bikini,
nem se havia outro motivo para usar o nome além do fato de ele
estar
em
evidência. Talvez uma alusão ao poder demolidor de corpos de mulher
expostos
de modo inédito? De qualquer maneira, o nome pegou. Dizem
que
o atol de Bikini ainda brilha no escuro e peixes mutantes nadam ao seu
redor. A ameaça nuclear não terminou, mas, para
o consumo do mundo, a
banalidade
derrotou o terror.
*
Em 1957, para
espanto de todos e embaraço dos Estados Unidos, a União Soviética pulou na frente na corrida espacial, lançando
o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik. Os
americanos responderam acelerando o seu próprio programa espacial, que
acabou colocando um homem na Lua, mas durante algum tempo tiveram
que conviver com aquela prova da superioridade científica dos russos
girando sobre suas cabeças. Mesmo se, como diziam os cínicos, a
única vantagem dos russos sobre os americanos era que tinham
ficado com melhores cientistas alemães no fim da Segunda
Guerra Mundial, para todos os efeitos de propaganda e autoestima a competição
era entre dois sistemas, e o comunista estava ganhando. Mas, se se sentiam
ameaçados pelo satélite russo, os americanos gostaram do nome.
Em pouco tempo, o
sufixo “nik” passou a ser usado para tudo nos Estados Unidos. Membros
da geração “beat”, por exemplo, ficaram conhecidos como “beatniks”, embora
em nada lembrassem uma bola dando voltas na Terra e fazendo “bip,
bip”. Ou talvez, às vezes, lembrassem. No caso do Sputnik, também
ganhou a banalidade.
*
Quando os alemães
começaram a bombardear Londres na Segunda Guerra Mundial, o grande medo
dos ingleses era que os nazistas usassem gás venenoso. Foi iniciado um programa
de distribuição de máscaras contra gás para a população e há fotos de calçadas
inteiras tomadas por mascarados, que se
cruzam sem poder se reconhecer. As crianças iam para a escola de máscara, e não
demorou para descobrirem que elas tinham outra utilidade, além de prevenir
contra envenenamento. Soprando dentro das incômodas máscaras de um certo
jeito, produzia-se o som de um pum, para grande alegria de todos. Um banal pum. Não se sabe
se contaram a Hitler o que faziam as crianças de Londres. Se ele ficasse
sabendo, talvez desistisse de derrotar a Inglaterra mais cedo.
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